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segunda-feira, 7 de julho de 2014

LIVRO RECOMENDADO ESTA SEMANA.

 TRECHO DO LIVRO: Paulo e Estevão, pág 249 e 250.

      Na mesma época, possuía Filipes uma pitonisa que se celebrizara nas redondezas. Como nas tradições de Delfos, suas palavras eram interpretadas como oráculo infalível. Tratava-se de uma rapariga cujos patrões procuraram mercantilizar seus poderes psíquicos. A mediunidade era utilizada por Espíritos menos evoluídos, que se compraziam em dar palpites sobre motivos de ordem temporal. A situação era altamente renosa para os que a exploravam descaridosamente. Aconteceu que a jovem estava presente à primeira pregação de Paulo, recebida pelo povo com êxito inexcedível. Terminado a exposição evangélica, os missionários observam a moça que, em grandes brados que impressionavam o público, se põe a exclamar:
      — Recebei os enviados do Deus Altíssimo!... Eles anunciam a salvação!...
    Paulo e Silas ficaram um tanto perplexos; entre tanto, nada replicaram, conservando o incidente no coração, em atitude discreta. No dia seguinte, porém, repetia-se o fato e, durante uma semana, os discípulos do Evangelho ouviram, após as pregações, a entidade que se assenhoreava da jovem, atirando-lhes elogios e títulos pomposos.
     O ex-rabino, no entanto, desde a primeira manifestação procurara saber quem era a rapariga anônima e ficou conhecendo os antecedentes do caso. Estimulados pelo ganho fácil, os patrões haviam instalado um gabinete onde a pitonisa atendia às consultas. Ela, por sua vez, de vítima ia passando a sócia da empresa, que pingues eram os rendimentos. Paulo, que nunca se conformou com a mercancia dos bens celestes, percebe u o mecanismo oculto dos acontecimentos e, senhor de todos os particulares do assunto, esperou que o visitante do invisível novamente aparecesse.
     Assim, terminada a pregação na praça, quando a jovem começou a gritar:
    “Recebei os mensageiros da redenção! Não são homens, são anjos do Altíssimo!...” 
    O convertido de Damasco desceu da tribuna a passos firmes e, aproximando-se da locutora dominada por estranha influência, intimou a entidade manifestante, em tom imperativo:
     —Espírito perverso, não somos anjos, somos trabalhadores em luta com as próprias fraquezas, por amor ao Evangelho; em nome de Jesus -Cristo ordeno que te retires para sempre!Proíbo-te, em nome do Senhor, estabeleceres confusão entre as criaturas, incentivando interesses mesquinhos do mundo em detrimento dos sagrados interesses de Deus!
     Imediatamente, a pobre rapariga recobrou energias e libertou -se da atuação malfazeja. O fato provocou enorme admiração popular.
     O próprio Silas que, de algum modo, se comprazia em ouvir as afirmações da pitonisa, interpretando-as como um conforto espiritual, estava boquiaberto.
     Quando se viram a sós, quis lhe dissesse Paulo os motivos que o levaram a semelhante atitude, e perguntou-lhe:
     —Acaso não falava ela do nome de Deus? Sua propaganda não seria para nós valioso auxílio?
     O Apóstolo sorriu e sentenciou:
     — Porventura, Silas, poder-se-á na Terra julgar qualquer trabalho antes de concluído?

Diálogo entre Paulo e Silas o livro Paulo e Estevão,
psicografia de Chico Xavier, Romance ditado pelo espírito Emmanuel