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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Espiritismo e Fonoaudiologia


Caros leitores, como Espírita e Fonoaudióloga não poderia deixar de publicar este texto, brilhantemente formado pela  Sylvia Cristina Barbosa Vianna, e publicado na Revista De Espiritismo Cristão em 1999.

 

O Mestre Jesus revelou e nos deixou como legado toda uma doutrina de amor a Deus e ao próximo, plenamente testemunhada por ele mesmo.
Somente com a luz que a Doutrina Espírita projeta sobre o Evangelho podemos entendê-lo em toda a sua profundidade, reconhecendo o seu caráter atual, a real aplicabilidade ao ser humano em suas diferentes necessidades e a relação que guarda com todos os campos do conhecimento humano.
Desta forma, ao analisarmos as passagens evangélicas sob a óptica espírita, podemos perceber relações com a Psicologia, Filosofia, Astronomia, Biologia e outras ciências. Isto nos proporciona um grau de compreensão que vai muito além do religiosismo dogmático.
Existe uma ciência relativamente nova, cuja área de pesquisa é ainda pouco explorada nos artigos e palestras espíritas, apesar de bastante abordada no Evangelho e nas obras psicografadas como as de André Luiz, Emmanuel, Joanna de Ângelis e outros.
Trata-se da Fonoaudiologia, que atua na pesquisa, prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento de desordens da Linguagem, Fala, Voz e Audição. Sendo a linguagem articulada atributo inerente apenas ao ser humano (Espírito encarnado), ela é o principal recurso de que este se vale para interagir com o outro, ou seja, para conviver com o próximo. Afinal, a comunicação é fruto da necessidade e do desejo do homem, ser gregário por natureza.
O fonoaudiólogo trabalha por uma comunicação plena e saudável, considerando as possibilidades físicas e emocionais do paciente. Reportemo-nos ao Mestre Jesus, considerando apenas duas passagens que aludem ao uso da fala colocando-as em relação com a Fonoaudiologia:

1. “A boca fala do que está cheio o coração.” (Lucas, 6:45.)
O coração é o símbolo dos sentimentos, das emoções e das aquisições morais. Ao relacionar a fala com o que está no coração, podemos entender que o que, porque, quando e como falamos deixa transparecer o que vai em nosso íntimo.
Se estamos bem, utilizamos voz sonora e agradável, palavras positivas, entonação que denota bem-estar e otimismo. Se estamos ansiosos, deprimidos ou enraivecidos, a voz se torna ruidosa, a fala ganha ritmo e colorido que refletem esse estado.
O Mestre Jesus deixa claro, então, que a fala está carregada das emoções e do grau de moralidade de quem diz e, portanto, faz parte do conjunto de comportamentos a serem trabalhados para a elevação no campo dos sentimentos.
A Fonoaudiologia, com uma abordagem terapêutica sistêmico-holística, revela-nos a incontestável descoberta de que a qualidade da produção e emissão da voz falada é sempre fiel às características de personalidade e condições emocionais, juntamente com o aparato estrutural que constitui o mecanismo de funcionamento orgânico.
Os termos comportamento e conduta vocal/verbal fazem parte da abordagem de diagnóstico e tratamento, ao referirem-se às condições peculiares a cada indivíduo. Assim, o paciente submetido à terapia fonoaudiológica hoje, acaba por estabelecer modificações não só no campo da voz, mas também no campo pessoal.
Para a Fonoaudiologia, a voz é a pessoa e é tão única quanto as impressões digitais. Com isso, não se pode negar que “a boca só fala do que está cheio o coração”.

2. “Não é o que entra pela boca do homem que o macula, mas o que sai.” (Mateus, 15:11.)
Mácula significa nódoa, sujeira, mancha e pode também, se aplicada ao homem, ser entendida como culpa ou defeito.
A assertiva de Jesus nos remete ao pensamento de que, da mesma forma que a fala reflete o íntimo do ser, ela também, num sentido inverso é extremamente responsável pela construção interior. É, ao mesmo tempo, uma das causas e uma das conseqüências diretamente relacionadas com as conquistas e evolução espiritual do indivíduo.
Sabe-se que não há ação sem reação e que não há o que façamos cujas consequências não nos atinjam. Este entendimento nos faculta a percepção da lógica da vida e do perfil do mundo em que vivemos, de expiações e provas.
A mácula que podemos nos impor com o que sai pela boca dá cumprimento à lei natural, ou seja, a fala utilizada para fins egoístas, que perverte, incita ao mal, calunia, não passa incólume. Agindo negativamente sobre o ouvinte, retorna ao falante como efeito natural.
Bloqueios ao pleno exercício da fala como gagueiras, afasias, deficiências auditivas e tantas outras podem ser provenientes de causas anteriores ao cometimento orgânico e/ou psicológico que as desencadeou, nesta ou em outra encarnação.
Através da terapia fonoaudiológica, seja qual for a patologia, a pessoa não somente tem aguçada a sua sensibilidade para o órgão afetado e para a função debilitada, como aprende a tirar maior proveito das potencialidades que possui.
Assim, há inevitavelmente, através do auxílio fonoaudiológico, a valorização do dom da fala, revendo conduta e comportamento, cumprindo-se o objetivo da expiação, que também é uma prova que é a reparação da falta com vistas à felicidade.
O objetivo primordial da Fonoaudiologia atual é a prevenção. Esta, vista pelo prisma material, começa no riquíssimo trabalho junto a gestantes, no início da vida física, a fim de que as patologias menos complexas não ocorram e a terapia não seja necessária, o que está em perfeita consonância com os princípios espíritas, que nos convidam ao trabalho contínuo e incessante de prevenção, pelo uso digno do recurso da fala, praticando o amor recomendado pelo Mestre Jesus, de modo que males maiores não nos visitem.
Assim, “para falar bem e cada vez melhor, devemos falar o bem e o melhor”. Com esta prevenção, a boca revelará um coração cada vez mais sensível e bondoso, onde ao invés de máculas, o homem se proporcionará a luz do crescimento espiritual.

Fonte: REFORMADOR, REVISTA DE ESPIRITISMO CRISTÃO
FUNDADA EM 21-1-1883, ANO 117 / DEZEMBRO, 1999 / Nº 2.049.
Fundador: Augusto Elias da Silva

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