Caros leitores, como Espírita e Fonoaudióloga não poderia deixar de publicar este texto, brilhantemente formado pela Sylvia
Cristina
Barbosa
Vianna,
e publicado na Revista
De Espiritismo Cristão em 1999.
O Mestre Jesus revelou e nos
deixou como legado toda uma doutrina de amor a Deus e ao próximo,
plenamente testemunhada por ele mesmo.
Somente com a luz que a Doutrina
Espírita projeta sobre o Evangelho podemos entendê-lo em toda a sua
profundidade, reconhecendo o seu caráter atual, a real
aplicabilidade ao ser humano em suas diferentes necessidades e a
relação que guarda com todos os campos do conhecimento humano.
Desta forma, ao analisarmos as
passagens evangélicas sob a óptica espírita, podemos perceber
relações com a Psicologia, Filosofia, Astronomia, Biologia e outras
ciências. Isto nos proporciona um grau de compreensão que vai muito
além do religiosismo dogmático.
Existe uma ciência
relativamente nova, cuja área de pesquisa é ainda pouco explorada
nos artigos e palestras espíritas, apesar de bastante abordada no
Evangelho e nas obras psicografadas como as de André Luiz, Emmanuel,
Joanna de Ângelis e outros.
O fonoaudiólogo trabalha por
uma comunicação plena e saudável, considerando as possibilidades
físicas e emocionais do paciente. Reportemo-nos ao Mestre Jesus,
considerando apenas duas passagens que aludem ao uso da fala
colocando-as em relação com a Fonoaudiologia:
1. “A boca fala do que está
cheio o coração.” (Lucas, 6:45.)
Se estamos bem, utilizamos voz
sonora e agradável, palavras positivas, entonação que denota
bem-estar e otimismo. Se estamos ansiosos, deprimidos ou
enraivecidos, a voz se torna ruidosa, a fala ganha ritmo e colorido
que refletem esse estado.
O Mestre Jesus deixa claro,
então, que a fala está carregada das emoções e do grau de
moralidade de quem diz e, portanto, faz parte do conjunto de
comportamentos a serem trabalhados para a elevação no campo dos
sentimentos.
A Fonoaudiologia, com uma
abordagem terapêutica sistêmico-holística, revela-nos a
incontestável descoberta de que a qualidade da produção e emissão
da voz falada é sempre fiel às características de personalidade e
condições emocionais, juntamente com o aparato estrutural que
constitui o mecanismo de funcionamento orgânico.
Os termos comportamento e
conduta vocal/verbal fazem parte da abordagem de diagnóstico e
tratamento, ao referirem-se às condições peculiares a cada
indivíduo. Assim, o paciente submetido à terapia fonoaudiológica
hoje, acaba por estabelecer modificações não só no campo da voz,
mas também no campo pessoal.
Para a Fonoaudiologia, a voz é
a pessoa e é tão única quanto as impressões digitais. Com isso,
não se pode negar que “a boca só fala do que está cheio o
coração”.
2. “Não é o que entra pela
boca do homem que o macula, mas o que sai.” (Mateus, 15:11.)
A assertiva de Jesus nos remete
ao pensamento de que, da mesma forma que a fala reflete o íntimo do
ser, ela também, num sentido inverso é extremamente responsável
pela construção interior. É, ao mesmo tempo, uma das causas e uma
das conseqüências diretamente relacionadas com as conquistas e
evolução espiritual do indivíduo.
Sabe-se que não há ação sem
reação e que não há o que façamos cujas consequências não nos
atinjam. Este entendimento nos faculta a percepção da lógica da
vida e do perfil do mundo em que vivemos, de expiações e provas.
A mácula que podemos nos impor
com o que sai pela boca dá cumprimento à lei natural, ou seja, a
fala utilizada para fins egoístas, que perverte, incita ao mal,
calunia, não passa incólume. Agindo negativamente sobre o ouvinte,
retorna ao falante como efeito natural.
Bloqueios ao pleno exercício da
fala como gagueiras, afasias, deficiências auditivas e tantas outras
podem ser provenientes de causas anteriores ao cometimento orgânico
e/ou psicológico que as desencadeou, nesta ou em outra encarnação.
Através da terapia
fonoaudiológica, seja qual for a patologia, a pessoa não somente
tem aguçada a sua sensibilidade para o órgão afetado e para a
função debilitada, como aprende a tirar maior proveito das
potencialidades que possui.
Assim, há inevitavelmente,
através do auxílio fonoaudiológico, a valorização do dom da
fala, revendo conduta e comportamento, cumprindo-se o objetivo da
expiação, que também é uma prova que é a reparação da falta
com vistas à felicidade.
O objetivo primordial da
Fonoaudiologia atual é a prevenção. Esta, vista pelo prisma
material, começa no riquíssimo trabalho junto a gestantes, no
início da vida física, a fim de que as patologias menos complexas
não ocorram e a terapia não seja necessária, o que está em
perfeita consonância com os princípios espíritas, que nos convidam
ao trabalho contínuo e incessante de prevenção, pelo uso digno do
recurso da fala, praticando o amor recomendado pelo Mestre Jesus, de
modo que males maiores não nos visitem.
Assim, “para falar bem e cada
vez melhor, devemos falar o bem e o melhor”. Com esta prevenção,
a boca revelará um coração cada vez mais sensível e bondoso, onde
ao invés de máculas, o homem se proporcionará a luz do crescimento
espiritual.
Fonte:
REFORMADOR, REVISTA DE ESPIRITISMO CRISTÃO
FUNDADA
EM 21-1-1883, ANO 117 / DEZEMBRO, 1999 / Nº 2.049.
Fundador:
Augusto Elias da Silva
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